Métodos de Exploração Clínica em Semiologia Veterinária

Inspeção

A inspeção é um método de exploração clínica e um dos mais importantes. Por meio da inspeção, investigam-se a superfície corporal e as partes mais acessíveis das cavidades em contato com o exterior.

  • O exame deve ser feito em um lugar com boa iluminação, de preferência sob a luz solar; no entanto, em caso de iluminação artificial, utilize uma luz de cor branca e de boa intensidade.
  • Observe o(s) animal(is), se possível, em seu ambiente de origem, juntamente com os seus pares (família ou rebanho).
  • Inicialmente, observe a distância, pois as anormalidades de postura e de comportamento são mais facilmente perceptíveis.
  • Para obter um ótimo parâmetro, compare o animal doente com os sadios.
  • Não se precipite: não faça a contenção nem manuseie o animal antes de uma inspeção cuidadosa, visto que a manipulação o deixará estressado.
  • Limite-se a descrever o que está vendo. Nesse momento, não se preocupe com a interpretação e a conclusão do caso.
  • A inspeção direta (utilizando apenas a visão) é realizada após a anamnese, sem utilização de contenção. Seu objetivo é a realização da primeira avaliação do paciente.
  • É interessante que o clínico observe a marcha do animal e determine a ocorrência ou não de posturas anormais, tais como desvio de cabeça ou andar bamboleante.
  • Deve avaliar também o comportamento, a atitude e seu nível de interação com o ambiente: se normal, deprimido, prostrado, calmo, dócil ou agressivo.

Palpação

A palpação e a inspeção são dois procedimentos que quase sempre andam juntos, um completando o outro: o que o olho vê, a mão afaga. É a utilização do sentido tátil ou da força muscular, usando-se as mãos, as pontas dos dedos, o punho, ou até instrumentos, para melhor determinar as características de um sistema orgânico ou da área explorada.

  • O sentido do tato é responsável por informações sobre estruturas superficiais ou profundas.
  • Existem inúmeras variantes que podem ser sistematizadas da seguinte maneira:
    • Palpação com a mão espalmada, usando toda a palma de uma ou de ambas as mãos.
    • Palpação com a mão espalmada, usando apenas as polpas digitais e a parte ventral dos dedos.
    • Palpação com o polegar e o indicador, formando uma pinça.
    • Palpação com o dorso dos dedos ou das mãos (específico para a avaliação da temperatura).
    • Digitopressão realizada com a polpa do polegar ou indicador, que consiste na compressão de uma área com diferentes objetivos: pesquisar a existência de dor, detectar edema (Godet positivo) e avaliar a circulação cutânea.
    • Punhopressão é feita com a mão fechada, particularmente em grandes ruminantes.
    • Vitropressão ou diascopia: consiste na compressão de uma área com a ajuda de uma lâmina de vidro comprimida contra a pele, analisando-se a área por meio da própria lâmina. Sua principal aplicação é possibilitar a distinção entre eritema e púrpura (o eritema desaparece e a púrpura não se altera com a vitro ou digitopressão).
    • Para pesquisa de flutuação, aplica-se a palma da mão sobre um lado da tumefação, enquanto a mão oposta exerce sucessivas compressões perpendiculares à superfície cutânea. Havendo líquido, a pressão determina um leve rechaço do dedo da mão esquerda, ao que se denomina flutuação.
  • A palpação do tecido adiposo subcutâneo na região torácica possibilita avaliação do estado nutricional do animal.
  • À palpação, o neonato apresenta o corpo firme, indicando certa tonicidade muscular.
  • A palpação do membro acometido deve obedecer a uma sequência lógica das regiões a serem examinadas.

Percussão

Existem dois objetivos básicos para a utilização da percussão: (1) fazer observações com relação à delimitação topográfica dos órgãos; e (2) fazer comparações entre as mais variadas respostas sonoras obtidas.

  • Atualmente, utiliza-se basicamente a percussão digitodigital, martelo-plessimétrica e, em alguns casos, a punhopercussão e a percussão digital ou direta.
  • Quando se percute diretamente com os dedos de uma das mãos a área a ser examinada, denomina-se percussão direta ou imediata, sendo mais comumente conhecida a percussão digital.
  • Quando se interpõe o dedo de uma das mãos (médio) ou outro instrumento (plessímetro) entre a área a ser percutida e o objeto percutor (martelo e/ou dedo), a percussão é descrita como indireta ou mediata, em que se destacam a percussão digitodigital e a martelo-plessimétrica.
  • O som resultante da percussão da área alterada dá indícios a respeito do conteúdo, além de possibilitar a delimitação de algumas estruturas.
  • O som produzido pela percussão vai depender do conteúdo abdominal. Quando realizada sobre um órgão que contenha ar (intestino, estômago), o som é claro a timpânico e, sobre órgãos maciços (fígado, baço), o som é mate ou maciço.

Auscultação

É fundamental ter paciência em realizar uma boa e completa auscultação cardíaca. Deve-se auscultar também os pulmões e toda a cavidade torácica, para evitar perder informações que possam ser valiosas no auxílio diagnóstico e no exame que é feito durante o tratamento para se avaliar a evolução do caso.

  • O estetoscópio dispõe de cones (peças de Ford) adequados para a auscultação de ruídos graves (baixa frequência) e fonendoscópios com diafragmas (peças de Bowles) ideais para a auscultação de ruídos de alta frequência (agudos).
  • A auscultação cardíaca deve ser sempre realizada mediante o uso de ambos: o diafragma e o cone.
  • O uso do estetoscópio possibilita a ausculta do batimento cardíaco dos produtos.

Anamnese

A anamnese consiste em uma entrevista dirigida. Por meio de perguntas objetivas e claras, várias questões relacionadas com a enfermidade atual e pregressa do paciente podem ser elucidadas. Informações obtidas com palavras diferentes podem ser realizadas, procurando, com isso, elucidá-la da melhor maneira possível.

  • Princípios básicos para a obtenção da anamnese:
    • Ouvir atentamente o proprietário (consciência da importância da anamnese).
    • Evitar interrupções e/ou distrações.
    • Dispor de tempo para ouvir o proprietário.
    • Não desvalorizar precocemente as informações.
    • Não se deixar levar pela suspeita do proprietário.
    • Não demonstrar sentimentos desfavoráveis (tristeza, impaciência, desprezo).
    • Saber interrogar o proprietário.
    • Apresentar conhecimentos teóricos sobre as enfermidades (fisiopatologia, terapêutica).
  • A região geográfica onde habita ou, ainda, o registro de viagem recente indica se houve exposição a doenças endêmicas.
  • Algumas perguntas relevantes que devem constar na anamnese estão exemplificadas no Quadro 6.38.
  • A anamnese deve evidenciar o início do processo e sua evolução, visto que esses dados são muito importantes para o diagnóstico diferencial.
Com informações de: Semiologia Veterinaria - a Arte do Diagnostico

As perguntas poderão ser respondidas aqui nos comentários ou via e-mail quando fornecido.

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